sábado, 7 de fevereiro de 2009

O amor faz da Vida uma Missão



Se procurarmos a fundo o significado da palavra amor, veremos o quanto os gregos foram sábios em distinguir na utilização de três verbetes que ao traduzirmos para o português são mesmo que ‘amor’. Primeiro, temos o termo “phylia”, seria o amor fraterno, o amor de irmãos; ainda, “eros”, equivale ao termo erótico, isto é, o amor carnal e, por fim, “ágape”, este seria o amor divino, amor comunhão.
Entretanto, a questão que nos impulsiona a esta humilde reflexão é outra. Evocando São Paulo aos Coríntios: “Ainda que eu fale a língua dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como um metal que tine” (I Cor. 13,1ss). Pois bem, São Paulo nos expressa de forma bastante poética e análoga como o amor é importante em nossas vidas. Vale ressaltar que todo o texto desenvolve-se dentro da perspectiva de comparar o que fazemos e o que temos, com e sem amor. Este amor não é um ‘amor’ qualquer, todavia, um amor vertical (do céu para a terra); um amor divino (cf.Jo.3,16). O amor que o apóstolo nos relata é algo que nos impulsiona a buscar o verdadeiro sentido para as nossas vidas. Algo que o homem em toda a sua caminhada existencial procura.
Assim, chegaremos à descoberta que, metaforicamente, o homem nada mais é do que uma carga positiva – pois foi feito à imagem e semelhança do Pai – que tem em suas costas um sinal negativo – referente à sua dimensão humana. Nesse sentido, todo o nosso peregrinar na terra tem como escopo tornar este ‘menos’ em ‘mais’. Contudo, como torná-lo? E mais, é possível?
Ainda, se voltarmos à Epístola de São Paulo aos Coríntios, lá pelos idos do versículo quatro, veremos como sabiamente ele descreve-nos o amor: “[...] é sofredor, é benevolente; o amor não é invejoso[...]”. Como vimos, este amor o qual é referido por São Paulo é Dom de Deus. É a perfeição. Mas, acima de tudo, é uma vocação humana. E, como vocação faz-se necessário que ponha-o em prática, respondendo altivamente ao chamado do Altíssimo. É aquilo que São Tiago nos questiona: “Meus irmãos, que aproveita se alguém tem fé, e não tiver obras? Porventura a fé pode salva-lo? (Tg.2,14). Daí que devemos ter a consciência da nossa missão. É preciso que o chamado de Deus ecoe em nossos ouvidos. Em meio aos apelos mundanos e as turbulências ensurdecedoras do dia-a-dia, precisamos nos silenciar e buscar escutar a voz interna, deixado-nos ser condicionados à vontade do Senhor. Desse modo, nos tornando não meros súditos, porém, filhos e filhas muito amados do Pai.
Quando falo em missão, rememoro a missão do próprio Paulo, o qual ‘combateu o bom combate’(cf. II Tm. 4,7); a missão de Pedro que serviu de alicerce para a edificação da Igreja (cf. Mt. 16,18ss) e, não esquecendo, a singular missão de Maria, que gerou e deu à luz ao Filho de Deus (cf. Lc. 1,30-33). Se nos voltarmos à Sagrada Escritura, contemplaremos inúmeras e distintas missões, todavia, elas se completam. Isto é, a missão verdadeira é apontar para o seguimento do Cristo, através de palavras e de atitudes. Assim é na atualidade. Todos nós somos chamados; primeiramente à Vida – Vocação por Excelência – e pelo santo Batismo, somos chamados e enviados à missão: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc. 16,15ss). Dessa forma, concluímos que tudo isto se cumpriu por ‘amor’. Mas que amor é este? Ora, meus irmãos, é o próprio Espírito Santo: o amor do Pai para com o Filho.
É o Espírito Santo que nos impulsiona à frente; é o mesmo quem nos vivifica e que nos faz membros do mesmo corpo – Cristo. São João – que é considerado o ‘evangelista do amor’ – nos fala muito bem sobre este amor de Deus: “Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu único filho, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo. 3,16). É com esta certeza que caminhamos rumo à Jerusalém Celeste, onde poderemos contemplar a face do Cristo Ressuscitado e lá gozar da Eterna Alegria, com os anjos e santos.
Portanto, sejamos sempre comprometidos com a nossa missão, procurando responder altivamente ao chamado que o Senhor nos dirige e, não nos preocupemos com o que há de vir, mas, parafraseando o apóstolo Paulo: ‘Sede sempre dedicados à obra do Senhor, pois no Senhor o nosso trabalho não será inútil” (I Cor.15,58).

Luiz Felipe P. de Melo.
(Catequista de Crisma da Paróquia Nossa Senhora do Rosário– Pina)

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