terça-feira, 17 de setembro de 2013

Segundela



E com o tempo,
O tempo nos ensina
Que, na verdade,
O tempo é remédio
Pra curar tanta coisa.

E com o tempo,
O tempo nos ajuda
A compreender
Que, na verdade,
Na vida tudo passa.

E com o tempo,
O tempo nos indica,
Que, na verdade,
A vida feita de decisões:
Ora boas, ora nem tanto.

E com o tempo,
O tempo constrói,
O que, na verdade,
Denominamos logo depois
De ponte.

E com o tempo,
O tempo corre,
Na verdade, ele,
O senhor da vida,
Já se esvaí.

E com o tempo,
O tempo que se foi,
Na verdade,
Não mais existe:
Ele não mais é.

E com o tempo,
O tempo e a vida,
Que na verdade,
Nunca se separaram,
Para sempre se unirão.

E com o tempo,
O tempo, a desdita da vida,
Que na verdade,
É caminhar até a morte,
Se apressa e rompe com a vida.


Luiz Melo.
Sábado, 20/07/2013

Um simples olhar...




Cada vez mais deixo-me convencer de que o que nos faz se "apaixonar" - e aqui, uso o sentido mais extenso - uns pelos outros, não é o que o "outro" nos fala, mas, é o jeito como ele lança o seu olhar sobre o nosso "eu".

Porque no jeito que o outro me olha, há duas possibilidades: ou ele me diz "eu já sei quem é você" (e isso impede qualquer outra experiência, pois, ele se fecha no contato primeiro) ou então ele me diz "eu nem imagino quem é você" (abrindo-se, assim, à uma gama de possibilidades).

Ah! Que bela mística a do olhar! Por isso costumo afirmar que ele - o olhar - é apaixonante sempre; porque ao olhar o outro, sempre descobre-se o que ele pensa de você (na verdade, como ele, o outro, é capaz de me olhar), mesmo que ele não diga nada, mesmo que ele não fale absolutamente nada, é assim: tão simples, tão singular.

Quiçá, seja essa a encantadora maneira que a "Amada" ao ser questionada (In: Cântico dos Cânticos) "- Que tem o teu bem-amado a mais que os outros, ó mais bela das mulheres"? Apenas exclama: "... porque um só de seus olhares fora capaz de atrair-me".

Noite in poesia



Ah! A noite...
Ela traz uma estranha exatidão;
uma velada e oculta verdade.

A noite, pobre e singela,
recurso dos místicos,
abrigo dos perigos.

A noite que vejo da janela do quarto,
é a mesma que traz o frio lá fora,
e a que inquieta os corações.

A noite que faz dos amantes,
tresloucadamente mórbidos,
saírem em busca dos que amam.

A noite que faz do encontro,
breve encanto;
do opaco, quase translúcido.

A noite de incertezas e medos,
a "noite escura" e de infindas tristezas,
se esvaí, com tic-tac quase imperceptível.

A noite se vai,
os medos também.
O crepúsculo é vencido.


 Luiz Melo - 18/09/2013