Eu, diante de mim mesmo
Me vejo inacabado.
Lanço vista sobre minha aparência,
E noto quantas marcas eu possuo.
Pego-me a olhar para o
Meu triste e sombrio passado.
Vejo-me criança,
Indecisa e tão precocemente desvalida.
Vejo-me sorridente [talvez],
Só por alguns instantes.
Vejo-me insatisfeito [talvez],
Isso quase sempre.
Vejo-me louco [talvez],
Só aos olhos de alguns.
Vejo-me aborrecido,
Talvez por tudo aquilo que me falta.
Vejo que as pessoas que me cercam
Mudam constantemente suas vistas acerca do meu 'eu'.
- Seria possível elas mudarem
E, eu continuar o mesmo? [questiono-me]
- Creio que não! [plausivelmente eu respondo]
Olho mais para frente,
E vejo que de criança passei a ser gente.
Gente [talvez] como outra qualquer.
Que sonha, que sofre,
Que geme...
Que teme, que sente...
Gente que busca, que acha...
Que luta, que perde...
Gente que cai ao chão,
Ergue-se:
Que vence.
Gente que é jovem e que é velho,
Num misto de dúvidas e pensamentos.
De dor e alegria [estas, sempre tão presentes].
Vejo-me diante da sombra do que fui,
Lançando-me sobre a fissura do tempo,
Chegando ao meu desestruturado futuro...
Futuro, tal como o passado, que não é:
Aquilo que foi ou será.
Ser de mim mesmo a decisão
E a mudança.
Não me resta muito,
Pouco ou quase nada.
Sobre minhas trêmulas mãos
Estou a olhar a minha imagem.
A minha projeção de mim mesmo.
Vejo que nado sou...
Vejo-me fraco e forte.
Luiz Felipe P. de Melo.
Recife, 26 d fevereiro de 2009.