quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

A humildade o fez renunciar


Bem, passados alguns dias após a renúncia de Sua Santidade, o Papa Bento XVI, eis que se faz necessário fazer alguns apontamentos sobre o fato. Primeiro, porque estamos imersos numa sociedade cada vez mais descrente e descristianizada, depois, porque Satanás tudo tenta para destruir a Igreja Católica, a Esposa Amada de Nosso Senhor. Em vão são as investidas! A Palavra não volta atrás: "as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt.16,18).
Ainda, é fato de que a mídia tendenciosa e sem escrúpulos busca, por todos os meios, sublimar a Verdade, obscurecer o entendimento. E é claro que os “seguidores de Belzebu”, filhos de Lutero, Calvino, Henrique VII, Edir Macedo, Silas Malafaia,Valdomiro Santiago, entre outros, buscarão também assim, solapar a Verdade que se fundamenta nas Sagradas Escrituras! Fato é que se fala em crise, em declínio, em queda, porém, devem recordar-se de que a maior crise da Igreja ocorrera há dois mil anos, quando seu Fundador fora traído e entregue aos algozes, tendo sido condenado, sofreu o suplício da Paixão e ainda, fora abandonado pelos seus seguidores, os quais foram por Ele chamados. E ainda, lá no alto do monte calvário, não se dando por convencido, Ele entregara aos cuidados de uma Senhora e de um jovem rapaz a Igreja que haveria de nascer de seu lado perfurado. Não há crise maior! Traído, condenado, abandonado: eis, pois, Jesus solitário! Três dias tendo se passado, a escuridão é vencida pela luz; o pecado pela graça; a morte pela vida! Duelo fatal: o inimigo que se regozijava, fora preso no próprio laço de morte que o criara!
Meus caros, talvez neste momento de “turbulências”, precisamos nos lembrar que Jesus, Nosso Senhor, é Aquele que andou por sobre o mar agitado; é Aquele a quem as ondas tempestivas obedecem; é Aquele que desafiou os poderosos de seu tempo para livrar-nos do poder dos inimigos; é Aquele que cujo nome, bem nos indica a sua missão: “Deus salva”! Bem sei das dificuldades, bem sei do peso dos fatos, bem sei dos “escândalos” – chagas abertas para a Santa Mãe Católica, mas, devo-lhes recordar que não há Cristianismo sem a Cruz. Não há glória sem sacrifício. A religião do século prega e grita aos quatro cantos uma prática religiosa descomprometida com a Verdade, cada vez mais distante da Cruz. A falsa religião gera uma “casta” de (in)fiéis totalmente desconfigurados, totalmente entregues à vassilidão da prosperidade, imersos em falsas doutrinas .
A renúncia do Papa Bento XVI é para nós – no mínimo – desconcertante. Tendo em vista que nossa mentalidade “pós-moderna” não prevê e nem tampouco suporta os limites da condição humana. O homem hodierno não está apto para lhe dar com a “renúncia”, pois ele busca em tudo superar os seus predecessores. Aceitar a possibilidade de renunciar a algum cargo, ou mesmo função, não condiz com o “imaginário mercadológico”, o qual busca sempre mais adquirir, sempre mais galgar, sempre mais, sempre mais... eis, pois, porque a renúncia do Líder da maior Instituição do mundo causou tantas especulações! O “super-homem” não prevê – dentro de seus moldes – que alguém possa ‘aniquilar-se’, haja vista que, em sua onipotência, nada lhe é dificultoso.
Quiçá, não nos seja interessante coadunar com um discurso meramente “religioso”, nem tampouco fundamentalista. Todavia, recordemo-nos que a “Infabilidade papal” não prescreve sobre a sua possível “fragilidade humana” – no sentido mesmo fisiológico. As forças de um homem de 85 anos de idade que, além de sacerdote – e no grau do Sacramento da Ordem, possuidor do múnus episcopal; é chefe de Estado; exerce suas funções episcopais numa dada diocese e é o Pastor e Guia – ou mesmo como nos ensina a Santa Tradição, Vigário de Cristo na Terra. Quantas atribuições, tantas exigências (para consigo mesmo e para com os que lhe cercam). Pensemos: quem de nós estaria disposto a desempenhar com seriedade, afinco, zelo pastoral e caridade fraterna tamanha incumbência? Somente ao Espírito Santo fora concedido eleger aquele que seria para nós a imagem do Doce Cristo na terra. Somente pela pujança do Espírito e pela divina providência é que se pode tudo isso. Somente através da Tradição interrupta – de Pedro a Bento XVI. Escândalo para os descrentes; loucura para os ímpios; devaneio para os hereges, mas para nós, a Santa Nação Católica Apostólica Romana, é certeza dos Céus!
O Papa Bento renuncia não somente a um posto, a um cargo. Ele renuncia a um ofício divino, o qual lhe fora concedido através da eleição espiritual. Trata-se, eminentemente, de uma relação vertical, por determinação divina e, à esta deveria o homem sujeitar-se para, assim, alcançar a salvação. Rememoremos a “Arca de Noé”: os que se mantiveram de fora arca, lançados às águas do dilúvio, foram submergidos. Enfim, todos pereceram. A Igreja, como que prefiguradamente nos é esta “Arca”; lançada sobre as águas revoltas deste mundo entorpecido, desbrava com autoridade e carisma os oceanos intempestivos, os quais se lançam à sua frente, mas, por Cristo, Ela não submerge. A Igreja continuará sendo a “Barca de Pedro”, cujo vento a soprar é o próprio Espírito Santo. Nela – nesta incólume Arca – encontramo-nos com todos aqueles e aquelas que já nos precedem no Reino dos Céus, os Santos e Mártires, Confessores e Doutores.
Católicos! Não permitais serem confundidos! Tenhais fé! Recordai-vos que, em Cristo, Nosso Senhor, se cumpre toda profecia e, assim, se fazendo, a Palavra de Deus não pode adulterar-se, ou seja, não poderá entrar em contradição. Rumamos às águas mais profundas, lancemos – além das redes – todo nosso comodismo, toda nossa tibieza, toda nossa incredulidade. Coragem! Ele estará sempre conosco!
Ao Santo Padre, o Papa Bento, nosso cordial afeto e a nossa mais profunda gratidão! Obrigado Santo Padre por nos ser este exemplo de fidelidade, de coragem e de autenticidade no anúncio do Evangelho de Nosso Senhor! Obrigado Doce Cristo na terra por ter nos presenteado com tua afável e profunda pedagogia de amor! Obrigado Vigário de Cristo por, de modo especial, em teu pontificado querer sempre nos conduzir ao Bom Pastor! Obrigado Pedro, pescador de homens, por ter-nos pescado em sua rede e nos levar a mares até então inavegáveis! Obrigado Santo Padre gloriosa e felizmente reinante no sólio petrino por teu sim a Deus, pelo serviço e missão!

Luiz Felipe Pereira de Melo.
João Pessoa-PB, 26 de fevereiro de 2013.