segunda-feira, 19 de abril de 2010

VENTANIA




Eu queria ser como o vento,

Que passa e toca.

Às vezes impulsiona,

Outras, somente toca.

Eu queria ser como a lua,

Esperada pela noite

E expulsa pelo dia.

Eu queria ser como a água,

Que cai do céu,

Que limpa, que lava.

Eu queria ser como o tempo,

Que é, que foi e será.

Eu queria ser apenas um livre pensamento

Que flui e diz tudo num único segundo.

Que estremece e esquece.

Eu queria ser como as rosas,

Que são belas e cobiçadas.

Ainda por cima, são por Deus perfumadas.

Eu queria ser como uma onda,

Que vai e volta,

Mas que continua uma onda.

Eu queria ser o intempérie tão natural

Que passa pela tua vida,

Mas que não te deixa mais igual.

Eu queria ser apenas a boca

Que se enche de desejo,

Que se abre e se encanta com teus beijos.

Eu queria ser como um abraço,

Que foge, que corre.

Mas, sempre se encontra no mesmo braço.


Eu queria ser apenas um agasalho

Para que nas noites frias

Eu pudesse te aquecer.

Eu queria ser como o fogo,

Que aquece e ilumina.

Que queima e fascina. (Recife-PE, 02 de março de 2010)