segunda-feira, 2 de março de 2009

Música do dia...


(Sinal da Aliança de Deus com o Seu Povo)


Reconciliai-vos com Deus

Em nome de Cristo rogamos,

Que não recebais em vão
Sua graça, seu perdão;

Eis o tempo favorável,

O dia da salvação!

Quem tem sede venha à fonte,

Quem tem fome, venha à mesa,

Vinho, trigo, leite e mel

Comereis, manjar do céu!

Vinde, vinde, e se me ouvirdes,

Vida nova vivereis,

Aliança nós faremos,

Minhas promessas cumprirei!

Um sinal de vós farei,

Das nações sereis o guia,

Chamareis os que estão longe

E virão todos um dia

Ao senhor vinde e buscai,

Pois se deixa encontrar,

Ao senhor vinde, invocai,

Pois tão perto ele está!

O mau, deixe sua maldade,

Pecador, deixe seus planos,

Ao senhor volte e verá

O perdão de seus enganos

Meu pensar não é o vosso,

Vosso agir não é o meu,

Tão distantes um do outro,

Quanto a terra está do céu!

Como a chuva cai do céu

E não volta sem molhar,

Sem encher de vida o chão,

Sem nos dar o trigo e o pão.

Assim faz minha palavra,

Nunca volta a mim em vão,

Sem fazer minha vontade,

Sem cumprir sua missão!

Pausa Poética...


Angústia e Reação


(Murilo Mendes, em "Tempo e Eternidade")



Há noites intransponíveis,

Há dias em que pára nosso movimento em Deus,

Há tardes em que qualquer vagabunda

Parece mais alta do que a própria musa.

Há instantes em que um avião

Nos parece mais belo que um mistério de fé,

Em que uma teoria política

Tem mais realidade que o Evangelho.

Em que Jesus foge de nós, foi para o Egito;

O tempo sobrepõe-se à idéia do eterno.

É necessário morrer de tristeza e de nojo

Por viver num mundo aparentemente abandonado por Deus,

E ressuscitar pela força da prece,

da poesia e do amor.

É necessário multiplicar-se em dez,

em cinco mil.

É necessário chicotear os que profanam as igrejas

É necessário caminhar sobre as ondas.

Estou pensando em Deus...


Confiteor Deo omnipotenti et vobis, fratres,quia peccavi nimis cogitatione,verbo, opere et omissione:mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa.Ideo precor beatam Mariam semper Virginem,omnes Angelos et Sanctos, et vos, fratres,orare pro me ad Dominum Deum nostrum.

|P|A|U|S|A|

"Ser amigo é carregar sobre si as dores do outro!É amar o outro aceitando e buscando compreender suas fraquezas...Apoiando na queda e nunca criticando-o, mas, o respeitando e tentando reerguê-lo!" (Luiz Felipe P. de Melo).

Hoje, 02 de março do ano da graça de 2009: Dia de São Simplício!


Simplício nasceu na cidade italiana de Tivoli e seu pai se chamava Castino. Depois disso, os dados que temos dele se referem ao período que exerceu a direção da Igreja, aliás uma fase muito difícil da História da Humanidade: a queda do Império Romano.


Ao contrário do que se podia esperar, teve um dos pontificados mais longos do seu tempo, quinze anos, de 468 a 483. Nessa época, Roma , depois de resistir às invasões de godos, visigodos, hunos, vândalos e outros povos bárbaros, acabou sucumbindo aos hérulos, chefiados pelo rei Odoacro, que era adepto do arianismo e depôs o imperador Rômulo Augusto. A partir daí, conquistadores de todos os tipos se instalaram, depredaram, destruíram e repartiram aquele Império, tido como o centro do mundo. Roma, que era sua capital, sobreviveu. Nesse melancólico final, a única autoridade moral restante, a que ficou do lado do povo e acolheu, socorreu, escondeu e ajudou a enfrentar o terror, foi a do Papa Simplício. Ele fazia parte do clero romano e foi eleito para suceder o Papa Hilário. Tinha larga experiência no serviço pastoral e social da Igreja e uma vantagem: ter convivido com o Papa Leão Magno, depois proclamado santo e doutor da Igreja, que deteve a invasão de Átila, o rei dos bárbaros hunos.


Ao Papa Simplício, nunca faltou coragem, fé e energia, virtudes fundamentais para o exercício da função. Ele soube manter vivamente ativas as grandes basílicas de São Pedro, São Paulo Fora dos Muros e São Lorenço, que a partir do seu pontificado passaram a acolher os católicos em peregrinação aos túmulos dos Santos Apóstolos.


Depois construiu e fundou muitas igrejas novas, sendo as mais famosas aquelas dedicadas a São Estevão Rotondo e a Santa Bibiana. Trabalhou para a expansão das dioceses e reafirmou o respeito à genuína fé em Cristo e à Igreja de Roma.


Os escritos antigos registram suas várias cartas à bispos, orientando sobre a forma de enfrentar o nestorianismo e o monofisitismo, duas heresias orientais que na época ameaçavam a integridade da doutrina católica e vinham se espalhando por todo o mundo cristão.


Mas o Papa Simplício se manteve ativo ao lado do povo, ensinando, pregando, dando exemplo de evangelizador, apesar dessas e outras dificuldades. Além disso mostrou respeito a todo tipo de expressão da arte; foi ele que ordenou para serem colocados à salvo da destruição dos bárbaros os mosaicos considerados pagãos, da igreja de Santo André.


Morreu, amado pelo povo e respeitado até pelos reis hereges, no dia 10 de março de 483. Suas relíquias são veneradas na sua cidade natal, Tivoli, Itália.


Foi assim que Roma, graças à atuação do Papa Simplício, apesar de assolada por hereges de todas as crenças e origens, deixou de ser a Roma dos Césares passando a ser a Roma dos Papas e da Santa Sé. A sua comemoração litúrgica ocorre no dia 02 de março.

A graça de ser só; por Pe. Fábio de Melo


"Ando pensando no valor de ser só. Talvez seja por causa da grande polêmica que envolveu a vida celibatária nos últimos dias.


Interessante como as pessoas ficam querendo arrumar esposas para os padres. Lutam, mesmo que não as tenhamos convocado para tal, para que recebamos o direito de nos casar e constituir família.Já presenciei discursos inflamados de pessoas que acham um absurdo o fato de padre não poder casar.Eu também fico indignado, mas de outro modo. Fico indignado quando a sociedade interpreta a vida celibatária como mera restrição da vida sexual. Fico indignado quando vejo as pessoas se perderem em argumentos rasos, limitando uma questão tão complexa ao contexto do “pode ou não pode”.


A sexualidade é apenas um detalhe da questão. Castidade é muito mais. Castidade é um elemento que favorece a solidão frutuosa, pois nos coloca diante da possibilidade de fazer da vida uma experiência de doação plena. Digo por mim. Eu não poderia ser um homem casado e levar a vida que levo. Não poderia privar os meus filhos de minha presença para fazer as escolhas que faço. O fato de não me casar não me priva do amor. Eu o descubro de outros modos. Tenho diante de mim a possibilidade de ser dos que precisam de minha presença. Na palavra que digo, na música que canto e no gesto que realizo, o todo de minha condição humana está colocado. É o que tento viver. É o que acredito ser o certo.Nunca encarei o celibato como restrição. Esta opção de vida não me foi imposta. Ninguém me obrigou ser padre, e quando escolhi o ser, ninguém me enganou. Eu assumi livremente todas as possibilidades do meu ministério, mas também todos os limites. Não há escolhas humanas que só nos trarão possibilidades. Tudo é tecido a partir dos avessos e dos direitos. É questão de maturidade.


Eu não sou um homem solitário, apenas escolhi ser só. Não vivo lamentando o fato de não me casar. Ao contrário, sou muito feliz sendo quem eu sou e fazendo o que faço. Tenho meus limites, minhas lutas cotidianas para manter a minha fidelidade, mas não faço desta luta uma experiência de lamento. Já caí inúmeras vezes ao longo de minha vida. Não tenho medo das minhas quedas. Elas me humanizaram e me ajudaram a compreender o significado da misericórdia. Eu não sou teórico. Vivo na carne a necessidade de estar em Deus para que minhas esperanças continuem vivas. Eu não sou por acaso. Sou fruto de um processo histórico que me faz perceber as pessoas que posso trazer para dentro do meu coração. Deus me mostra. Ele me indica, por meio de minha sensibilidade, quais são as pessoas que poderão oferecer algum risco para minha castidade. Eu não me refiro somente ao perigo da sexualidade. Eu me refiro também às pessoas que querem me transformar em “propriedade privada”. Querem depositar sobre mim o seu universo de carências e necessidades, iludidas de que eu sou o redentor de suas vidas.Contra a castidade de um padre se peca de diversas formas. É preciso pensar sobre isso. Não se trata de casar ou não. Casamento não resolve os problemas do mundo.Nem sempre o casamento acaba com a solidão. Vejo casais em locais públicos em profundo estado de solidão. Não trocam palavras, nem olhares. Não descobriram a beleza dos detalhes que a castidade sugere. Fizeram sexo demais, mas amaram de menos. Faltou castidade, encontro frutuoso, amor que não carece de sexo o tempo todo, porque sobrevive de outras formas de carinho.


É por isso que eu continuo aqui, lutando pelo direito de ser só, sem que isso pareça neurose ou imposição que alguém me fez. Da mesma forma que eu continuo lutando para que os casais descubram que o casamento também não é uma imposição. Só se casa aquele que quer. Por isso perguntamos sempre – É de livre e espontânea vontade que o fazeis? – É simples. Castos ou casados, ninguém está livre das obrigações do amor. A fidelidade é o rosto mais sincero de nossas predileções".



Pe. Fábio de Melo.