O novo sempre causa estranheza, às vezes medo, insegurança. Porém, é tão encantador conquistar, decobrir, que parece-me mesmo sendo estranho e desconfortável enfrentar o desconhecido, sempre é bom ousar, experimentar.
Lembro-me de todas as escolhas que fiz, todas as vezes que mudava e, isso refere-se à qualquer mudança. De todas os momentos em que tive que abondonar práticas costumeiras e me lançar frente ao inesperado, frente ao desafio de navegar em águas até então 'inavegáveis'.
O novo amedronta-me, causa-me ansiedade e concomitantemente, repugnância. O novo é paradoxal; é futuro. O novo perpassa a figura do oculto! O novo para mim ultrapassa a sensibilidade. É, pois, o sentimento de impotencialidade humana, ante ao imaginário, ante à ilusão.
O novo é para mim aquilo que ainda está velado... Reservado à uma experiência ontológica. Talez, o novo seja também o inesperado, o impreescindível. O novo está para descoberta, tal como a felicidade está para o homem. Mesmo que o novo nos decepcione momentâneamente, a alegria de poder ter tirado o 'véu' do isolamento rejubila o espírito humano, fazendo com que o homem lute pelo novo, ou melhor, que o homem possa revelar sempre o novo.
O novo cotrapõe-se à novidade. A novidade, seria, então, o ente. O novo é inexoravelmente o ser, o uno, de modo que ele é em essência e, não pode não ser. O novo é percebido, jamais e em hipótese alguma, ele é apreendido pelos sentidos ou pela razão. O novo será. A novidade - distintamente do Novo - ou foi, ou é. O novo é o 'indestilável'.
O novo é a marca da visível incapacidade humana diante do mundo e de suas mudanças. Talvez, ninguém - abrangendo somente a pessoa humana - é capaz de criar um 'novo' início, mas, somente é capaz de dar um novo rumo à teleioésis, a finalidade. O novo causa-nos um sentimento de desconforto; suscita em nós um altivo desejo de "des-velamento".
O novo precisa somente ser percebido. O novo é sistema que se coloca à nossa fronte, ou seja, é algo que nos é [im]posto... Creio que talvez por causa das nossas de-cisões, porque decidir é semprer "cindir" com um dos lados. É romper com um princípio primeiro.
O novo é a sensação de invisibilidade de um capitão que, lançado ao mar numa tempestade, dirige de modo desordenado a sua náu. O novo é algo atípico aos nosso olhos. O novo gera homens famintos de vitórias, de honras e de méritos.
O novo aniquila a beleza do trivial, do comum. O novo é realmente pertubador! O novo é algo que nos chega através da fissura ôntica e nos leva à percepção de que muito ainda nos falta para poder abrigá-lo.
O novo é como que uma criança que busca apanhar todas as estrelas do Universo apenas com suas mãos frágeis e pequeninas... O novo é intrigante!
O novo garante uma geração desestabilizadora. O novo é perfeito, todavia, não se manifesta como tal... O novo incorpora feições antigas e por vezes vanguardistas. O novo hostiliza. O novo separa, seleciona, cria, pois, uma casta de seguidores, os quais tentam através de várias formas apresentá-lo. O novo é a dúvida presente na racionalidade humana, a qual busca de modo desenfreado a certeza fidedignamente científica.
O novo é isso que estive a fazer até agora... É para uns bobagem, para tantos vertigens...
E, para os sábios inspiração que brota da psiché...
O novo se desfecha na contradição de ser oculto e ser mostrado.
Luiz Felipe P. de Melo.
Madrugada de 19 de fevereiro de 2009.