quinta-feira, 20 de maio de 2010

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos

Neste ano de 2010, a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos [SOUC] será realizada entre os dias 16 e 23 de maio e terá como lema: “Vocês são testemunhas dessas coisas” (cf. Lucas 24, 48). Vale lembrar que as igrejas escocesas também celebram, concomitantemente com a SOUC, o centésimo aniversário da Conferência de Edimburgo, e o tema proposto é semelhante: “Testemunhar Cristo Hoje”. Preparando-nos para celebrar Pentecostes, pois é obra do Espírito Santo a unidade dos cristãos. Mas, muitos de nós, católicos ou não, precisamos entender melhor o que é o ecumenismo e como ele é importante para nossa fé.

O que é ecumenismo? Ecumenismo é o processo de busca da unidade. O termo provém da palavra grega “oikos” (casa), designando “toda a terra habitada”. Num sentido mais restrito, emprega-se o termo para os esforços em favor da unidade entre Igrejas cristãs; num sentido lato pode designar a busca da unidade entre as religiões ou, mesmo, da humanidade. Neste último sentido, emprega-se também o termo “macroecumenismo”.

Independentemente da definição, o objetivo da Igreja Católica Romana é buscar uma aproximação, o que, muitas vezes, dá a impressão de que o objetivo do movimento é acabar com as outras Igrejas para formar apenas uma; e, principalmente, de que na nova Igreja todos se submetem a uma só autoridade eclesiástica. Mas, na verdade, não é exatamente esta a proposta. Por isso, é importante entender a questão mais profundamente. Assim, ecumenismo é um assunto fascinante e desafiador. Discutir a questão ecumênica requer, antes de tudo, despir-se de preconceitos ou qualquer outro tipo de resistência. Mas, acima de tudo, sinceridade e clareza nas convicções e posições.

A iniciativa [ecumenismo] foi celebrada em âmbito mundial no final de janeiro e agora acontece em âmbito local, com organização do Conic (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs). Segundo informa a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), o ponto alto do evento aconteceu no dia 7 de maio, na catedral metropolitana de Brasília, com uma celebração especial em ação de graças pelo Centenário da Semana de Oração.

O presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso e Arcebispo de Montes Claros (Minas Gerais), Dom José Alberto Moura, recordou a trajetória da ação. «Há 30 anos o evento é realizado de forma mais organizada e intensa, inclusive em diversas paróquias do Brasil e do mundo envolvendo as igrejas evangélicas pertencentes ao Conic», destacou.

Para Dom Moura «o evento significa um esforço de compreensão e respeito entre as igrejas cristãs, uma tentativa de buscar a unidade dos cristãos como Jesus Cristo queria ‘um só rebanho e um só pastor’, no esforço de confiança em Deus». O arcebispo considera que, apesar das barreiras que separam as várias denominações cristãs, existem pontos comuns que ajudam na aproximação destas. Para ele, «são esses pontos que possibilitam o estreitamento entre as denominações», dando como exemplo encontros e iniciativas de oração. Para motivar a referida semana [Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos], o Conic preparou um subsídio que faz um resgate histórico do centenário dessa iniciativa e auxilia nas questões práticas de como fazer o evento acontecer nas comunidades religiosas, escolas, universidades, famílias.

O Conic abrange seis igrejas cristãs: Igreja Católica Apostólica Romana, Igreja Cristã Reformada, Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia e Igreja Presbiteriana Unida. Seus objetivos são, entre outros: estudar e refletir sobre questões teológicas e outras que se constituam relevantes para a unidade e a missão da Igreja, nomeadamente os resultados dos diálogos interconfessionais; propiciar reflexão e tomada de posição comum perante a realidade brasileira, confrontando-a com o Evangelho e as exigências do Reino de Deus. A entidade também se empenha na promoção da dignidade, dos direitos e deveres da pessoa humana, criada à imagem de Deus, em busca e a serviço do amor, da justiça e da paz; desenvolve linhas comuns de ação e favorece o relacionamento com entidades congêneres, nacionais e internacionais.

Pentecostes é uma festa que tem tudo a ver com ecumenismo: as pessoas nesse dia não passaram a falar todas a mesma língua, mas entenderam a pregação de Pedro cada uma do seu jeito e se sentiram unidas por um Evangelho comum. Bom mesmo será se o espírito da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos perdurar e dela nascerem outras iniciativas: grupos conjuntos de reflexão bíblica, festivais de música entre as Igrejas, ações de promoção social realizadas ecumenicamente... E o que mais o Espírito Santo inspirar.

UM POUCO DE HISTÓRIA

A celebração mundial da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos começou na Igreja Episcopal [anglicana], no ano de 1908, em Graymoor, no vale do Rio Hudson, no Estado de Nova York, Estados Unidos. Dez anos antes, Paul James Wattson, clérigo da Igreja Episcopal, fundou junto com Lurana Mary White, também da Igreja Episcopal, as congregações franciscanas que formam a Sociedade de Atonnement, ou seja, da Reconciliação, na Vila Graymoor, perto da cidade de Garrison. Na sua Igreja, frei Wattson encontrou apoio do Reverendo Spencer Jones, reitor da Igreja na Inglaterra, e conhecido como um autor catequético. Em 1907 o Reverendo Jones sugeriu ao Frei Wattson que deveria se observar um dia de oração pela unidade dos cristãos todos os anos, no mundo inteiro, na festa de São Pedro.

Frei Wattson gostou muito da sugestão, mas recomendou que seria melhor uma "Semana de Unidade Cristã", começando na festa da Cátedra de São Pedro, no dia 18 de janeiro, e terminando na festa de São Paulo, no dia 25 de janeiro.

A Semana da Unidade na Igreja foi celebrada pela primeira vez em 1908, e depois foi chamada "A Oitava de Unidade da Igreja" pelo frei Wattson, já que havia oito dias entre as duas festas.

Atualmente a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos é celebrada por milhões de cristãos no mundo. O decreto sobre o ecumenismo do Concílio, promulgado em 1964, chamou a oração de alma do movimento ecumênico e animou a celebração. Em 1996, a Comissão Fé e Constituição, do Conselho Mundial de Igrejas e o Pontifício Conselho pela Unidade dos Cristãos começaram a colaborar na elaboração de um texto comum internacional para uso em todo o mundo.

Desde 1968 estes textos internacionais, baseados em temas propostos por grupos ecumênicos existentes no mundo, são adaptados à realidade dos diferentes países. Aqui no Brasil essa adaptação é feita pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil.

Oração pela unidade: “Mas, agora, vou para junto de ti. Dirijo-te esta oração enquanto estou no mundo para que eles tenham a plenitude da minha alegria. Dei-lhes a tua palavra, mas o mundo os odeia, porque eles não são do mundo, como também eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas sim que os preserves do mal. Eles não são do mundo, como também eu não sou do mundo. Santifica-os pela verdade. A tua palavra é a verdade. Como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. Santifico-me por eles para que também eles sejam santificados pela verdade. Não rogo somente por eles, mas também por aqueles que por sua palavra hão de crer em mim. Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste. Dei-lhes a glória que me deste, para que sejam um como nós somos um: eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e o mundo reconheça que me enviaste e os amaste como amaste a mim. Pai quero que, onde eu estou, estejam comigo aqueles que me deste, para que vejam a minha glória que me concedeste, porque me amaste antes da criação do mundo. Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheci, e estes sabem que tu me enviaste. Manifestei-lhes o teu nome, e ainda hei de lho manifestar, para que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles”. (Cf. Jo 17,14-26).

Oremos: Leva-nos de onde estamos agora para onde queres que estejamos; faze de nós não apenas guardiões de uma herança, mas sinais vivos do teu Reino que vem; inflama-nos com paixão pela justiça e pela paz entre todos; enche-nos com aquela fé, esperança e amor que permeia o Evangelho; e através do poder do Espírito Santo faze-nos UM. Para que o mundo possa crer, que teu nome seja glorificado em nossa nação. Para que a tua Igreja possa ser mais efetivamente teu corpo, nós nos comprometemos a te amar, te servir e a te seguir como peregrinos, não estranhos.

Veni Creator





Veni, Creator Spíritus,
mentes tuórum visita,
imple supérna grátia,
quae tu creásti péctora.
Qui díceris Paráclitus,
altíssimi donum Dei,
fons vivus, ignis, cáritas,
et spiritális únctio.
Tu septifórmis múnere,
dígitus paternae déxterae,
tu rite promíssum Patris,
sermóne ditans gúttura.
Accénde lumen sénsibus;
infunde amórem córdibus,
infírma nostri córporis
virtúte firmans pérpeti.
Hostem repéllas lóngius,
pacémque dones prótinus;
ductóre sic te praevio
vitemus omne noxium.

Per te sciámus da Patrem,
noscamus atque Filium;
teque utriúsque Spíritum
credamus omni témpore.
Deo Patri sit glória,
et Fillio, qui a mórtuis
surréxit, ac Paráclito,
in saeculórum saecula. Amem.

V/ Emítte Spíritum tuum, et creabúntur.
R/ Et renovábis fáciem terrae.
Deus qui corda fidélium Sancti Spíritus illustratióne docuísti: da nobis in eódem Spíritu recta sápere; et de ejus semper consolatióne gaudére. Per Christum dominum nostrum. Amém.