quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

A paz é fruto da justiça (Is. 30, 17)


Hoje, com este lema damos início a um novo tempo na Igreja: a Quaresma. Diz-se do Tempo de Conversão. Tempo este que, a Igreja do Brasil convida-nos sempre a nos voltar para uma temática atual e propícia à reflexão.


Esse ano, a CNBB quer mostrar que não pode existir segurança pública onde não há paz, onde, necessariamente, para haver a paz deve existir justiça e, consequentemente ausência de ódio e de violência. Nesse sentido, nós não poderíamos pensar em segurança pública, sem que, ao mesmo tempo, exista uma sociedade justa.


A palavra paz provém do hebraico "shalom" que, quer dizer 'paz entre duas entidades' (geralmente duas nações) ou a paz interior de um indíviduo. Do latim, "pax", "Absentia Belli", pode referir-se à ausência de violência ou guerra. Neste sentido, a paz entre nações, e dentro delas, é o objetivo assumido de muitas organizações, designadamente a ONU.

No plano pessoal, paz designa um estado de espírito isento de ira, desconfiança e de um modo geral, todos os sentimentos negativos. Assim, ela é desejada por cada pessoa para si próprio e, eventualmente, para os outros, ao ponto de se ter tornado uma frequente saudação (que a paz esteja contigo) e um objetivo de vida. A paz é mundialmente representada pela pomba e pela bandeira branca.


Porém, a expressão "shalom" não designa tão somente a ausência de conflitos. Ela quer dizer inicialmente satisfação e todas as necessidades, de modo que não exista o medo de não conseguir tudo aquilo que é necessário para a plena realização humana. Shalom também significa a paz que se realiza na relação do homem com Deus, consigo próprio, com os demais irmãos e com a natureza.


Falar de paz é também falar de justiça. Quando se fala de justiça, encontramos alguns problemas exegéticos, pois, o termo que mais se aproxima da palavra justiça é "tsedacá". Uma primeira acepção que podemos inferir sobre esse termo é caridade. Traduzimos Tsedacá como "caridade" somente porque é difícil achar em português uma palavra que traduza o seu verdadeiro sentido. Pois, do ponto de vista judaico, Tsedacá é diferente de caridade. Em geral, as pessoas pensam, que ao doar algo a um pobre ou a uma instituição de caridade, dão algo que lhes pertence integralmente e, portanto, fazem um ato de bondade para o qual merecem agradecimento. Mas a palavra "Tsedacá" em hebraico significa na realidade "um ato de justiça". Dar "Tsedacá" é algo que devemos fazer, não como um ato de bondade, mas como um dever e obrigação, tal como pagar uma dívida.


Desse modo, chegamos à duas conclusões importantes:


1) dar a cada um aquilo que lhe pertence - nesse sentido, justiça, em primeiro lugar, significa que cada um deve ter tudo aquilo que é necessário para que sua dignidade seja respeitada integralmente;


2) cada um deve receber de acordo com os seus atos - vale ressaltar que, aqui justiça distingue-se claramente de vingança.


Na Bíblia, a justiça é restauradora, ou seja, a sua preocupação não é com a punição, todavia, com a superação dos problemas e a conversão

daqueles que erram, porque, visivelmente todo ato de injustiça é por natureza um ato de egoísmo, consequentemente, pecado.


Roguemos ao Deus da Esperança que nos proporcione uma experiência de renovação durante todo esse tempo quaresmal e, que imbuídos pelo Espírito Santo, reconhecendo os atos de desamor, cultivemos nós, uma vida de paz e jsutiça!

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